O
resultado foi muito proveitoso, pois pudemos falar um pouco sobre as
dificuldades enfrentadas para fazer os saraus nas periferias e do papel
sociocultural que esta cena cumpre ao encorajar o cidadão-comum a interferir
positivamente na sociedade. Foi importante também porque conversamos com um
público que não está habituado a frequentar "nossos movimentos" e que
pode, algumas vezes, enxergar a periferia a partir da trinca "pobre,
delinquente, ignorante" apresentada diariamente pela grande mídia.
Abordamos
também as peculiaridades da nossa produção literária, a qual está relacionada
diretamente a outras manifestações artísticas, como o desenho, fotografia,
teatro e elementos da cultura Hip Hop.
A
interação do público fez com que a discussão avançasse. Assim, além das
perguntas estabelecidas pela organização, surgiram boas questões relacionadas
ao apoio estatal (ou falta de), apropriação da nossa identidade cultural por
terceiros, dentre outras. Estou convencido da relevância da literatura
marginal, tanto no campo ideológico/político quanto no cenário
artístico/acadêmico. É certo que temos muito a crescer, mas esse tipo de debate
demonstra que a arte produzida na periferia tem um valor que transcende o
contexto social em que foi produzida. Mais que publicações literárias, estamos
construindo um legado. A cena é de quem faz a diferença. Como já foi dito,
agora somos nós quem contamos a nossa história.
Agradeço
a todos que participaram desse encontro, principalmente ao espaço Anchietanum e
ao Tenda Literária. Graças ao ambiente acolhedor e propício à reflexão,
podemos pôr nossa realidade na mesa e, até certo ponto, analisá-la. No fim, saí
inquieto. Com a convicção de que há muito a ser dito e discutido, mas há,
sobretudo, muito a ser feito.
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